Salvador é uma cidade referência de base para todos os baianos, e para todo mundo de uma maneira geral, de alguma forma. Para mim, é meu ponto de partida e de chegada. Tenho um carinho muito grande por essa terra e por tudo que ela já representou, e ainda representa pra todos nós baianos. Aí eu nasci, e onde tenho a maioria de meinha família. Mas tenho ficado cada vez mais triste, toda vez que volto nessa cidade. As pessoas que tenho visto vivendo nessa terra, têm se mostrado de uma forma diferente, que não é aquela que define o “baiano” como é visto no resto do Brasil e do mundo. São pessoas cada vez mais estranhas, de todo jeito individualistas e prepotentes. São no geral muito metidas, coisa que o antigo baiano nunca teve como característica. São muito autoritárias e principalmente boçais. Gostaria muito que essa minha visão, fosse uma coisa de pessimismo particular, e não um retrato de uma realidade nova que estamos experimentando.
Mas o pior disso é o outro lado da coisa, o lado da cidade em sí, do espaço público, que tem se mostrado definitivamente sucateado. Cada vez que volto, vejo uma Salvador mais abandonada, não somente pelos governantes, pois isso sempre foi assim, mas pelo próprio baiano, que além de não cuidar do seu patrimônio, o destrói de maneira implacavel e maldosa. Ninguém quer saber do que é público, apenas do que é seu e pronto. Os bairros que a 20 anos atrás eram considerados legais, quase não dá mais pra se trasitar. Falo do Largo Dois de Julho, Campo Grande, Barra, Amaralina, Pituba e outros.
O que eu vejo agora são muitos carrões, com um som muito alto, tocando músicas de péssima qualidade em geral, e pessoas que estacionam onde querem, invadem os sinais como querem, fazendo do que resta da cidade, um pandemônio. E não é dferente nos shoppings, com carros estacionados em qualquer lugar, rampas, curvas, entradas e saídas de serviço etc.
Comparando com o Rio de Janeiro, que agora com o movimento das UPPs, Unidade de Polícia Pacificadora, Salvador está uma cidade super violenta, e o crack tomou conta do que restava. Minha casa aqui em Itapuã, tem muros de 3 metros de altura, com lanças em toda volta, e ainda assim tudo e que dorme no nosso quintal é levado pelos moleques carentes. Já levaram roupas, cadeiras de praia, e duas bicicletas, e por muitas vezes estiveram dentro pra ver o que poderiam levar. A casa de meus sonhos está sendo vendida por isso.
Lí outro dia um artigo de Jorge Portugal, que define muito bem o que estou falando aqui. Em verdade acho que é uma coisa que está acontecendo em todo o país, mas principalmente aqui na Bahia. O artigo que menciono aqui, pode ser encontrado no link que segue, vale a pena conferir… http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5530390-EI17956,00.html
Por fim assistindo ontem ao show de Nana Caymmi, que aconteceu no TCA, ouví dela, comentários a respeito da cidade de Salvador, muito parecidos com os meus, comentários esses, feitos por ela em entrevista a imprensa baiana, os quais, devem ter provocado um tanto de desconforto a ela e a imprensa.
Voltando ao artigo escrito por Jorge Portugal, acredito que toda essa leva de coisas ruins, que nos dá uma sensação de desesperança num futuro proximo um tanto sinistro para a cidade e para todos nós, acho mesmo, e isso a Marina Silva não se cansou de falar em sua campanha presidencial, que tudo isso deve-se a falta de EDUCAÇÃO PARA TODOS. O que podemos fazer ???
Seria bom se tivéssemos opções de melhora desse quadro, mas de uma coisa estou certo, esse quadro precisa ser revertido, e a solução está mesmo na EDUCAÇÃO, não tenho dúvida.